Foto: Vinícius Becker (Diário)
A produção foi premiada com um Kikito do Júri Popular, outro de Melhor Longa e uma menção honrosa pra as protagonistas.
Com uma equipe técnica formada por 49 pessoas, a maioria de representantes do sexo feminino, e um elenco que soma 16 mulheres e cinco homens em frente às câmeras, a obra consagrada com três prêmios, entre eles, o de Melhor Longa-Metragem Gaúcho, no 53º Festival de Cinema de Gramado repercuti na comunidade santa-mariense. O filme “Quando a Gente Menina Cresce", que nasceu do encontro entre sensibilidade e força coletiva, voltou ao seu ponto de origem nesta segunda-feira (25), na Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Sérgio Lopes, do Bairro Renascença, onde foi gravado. As figuras dessa produção receberam uma menção honrosa e o destaque em casa, depois da premiação em Gramado.
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A diretora do audiovisual produzido pela TV OVO, Neli Mombelli, falou nesta segunda-feira (25) com a reportagem do Diário durante a homenagem com Menção Honrosa às seis figuras centrais da narrativa que estudavam, à época, na Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Sérgio Lopes. O ambiente da homenagem foi marcado pela emoção.
Alunos da própria Emef Sérgio Lopes entregaram rosas às protagonistas Alana Matias, Ana Julia Freitas, Emilly Quevedo, Isadora de Freitas, Taiane da Rosa e Thaila Matias, que personalizaram a vivência de inúmeras outras jovens quando o assunto é início da menstruação. Também, à equipe de produção do longa, gesto que arrancou lágrimas da diretora Neli Mombelli. A entrega foi seguida por aplausos calorosos e pela formação de uma grande roda de fotos. Os familiares acompanharam de perto cada instante.

Na cerimônia de homenagem na escola, Neli externalizou a alegria de ter o trabalho reconhecido e com uma história necessária.
– É difícil traduzir em palavras o que está acontecendo. Só de nós termos sido selecionados, ter levado as meninas e professoras até Gramado, ter assistido o filme pela primeira vez no festival, é muito emocionante. E ainda voltar para casa como o melhor filme é muito simbólico, não só porque é o melhor filme, mas porque a gente conhece o trabalho de cada um que contribuiu com o filme, seja na frente ou atrás das câmeras.
A construção do longa exigiu dias de dedicação e um convívio quinzenal com a escola. O resultado, conforme Neli, é o conforto e naturalidade das meninas em frente às câmeras.
Expectativa nos anúncios
Sobre o momento da premiação, Neli conta sobre o impacto da comunidade no resultado do Júri Popular:
– Começou a premiação. Eram cinco concorrendo. Quatro já tinham levado troféu. Ficamos pensando se não iríamos voltar com nenhum para Santa Maria. Veio o intervalo, porque entrou a premiação dos curtas brasileiros, veio o Júri Popular, e estávamos imaginando outro vencedor, pensando em sala lotada. Quando anunciaram a gente, nossa, foi muito emocionante! Isso é resultado de todo mundo que se envolve com Santa Maria, da rede pública que se mobilizou e das nossas amizades, principalmente nas redes sociais.
Reconhecimento à escola e à comunidade
Durante a homenagem, a diretora da Sérgio Lopes, Andréia Schorn, também destacou a importância do reconhecimento, não apenas para o cinema, mas para toda a comunidade escolar do Bairro Renascença. Ela ressaltou o orgulho de ver as estudantes protagonistas no longa e a valorização do trabalho cotidiano realizado por professores, servidores e famílias.
– Passa um filme na cabeça da gente. De quando elas eram pequenininhas e andavam pelos corredores. Estamos com elas desde quando tinham dois aninhos. Conhecemos as famílias, a comunidade, as histórias. Sabemos a dimensão que um Kikito representa para uma comunidade como a nossa, que se dedica todos os dias. É um prêmio muito coletivo. Passa um filme sobre os projetos que desenvolvemos na escola, sobre tudo o que queremos viver, os sonhos que temos como professoras e tudo o que esperamos quando entramos em uma sala de aula – disse Andréia.

Não só ela, mas também o prefeito Rodrigo Decimo (PSDB) e a vice-prefeita Lúcia Madruga (PP) exaltaram o longa durante o encontro.
– Esse filme e esse reconhecimento são um farol para a nossa história. É o resultado do esforço de todos que, no dia a dia, fazem a escola, enfrentando dificuldades, mas também proporcionando às crianças uma educação de qualidade. Parabenizo as famílias, que são muito importantes nesse processo, porque sem elas nada disso seria possível – destacou Decimo.
Ao final, em um gesto simbólico, crianças da comunidade entregaram flores às protagonistas do filme.
O documentário
A produção premiada acompanhou, ao longo de 2023, o cotidiano de seis alunas da Emef Sérgio Lopes. Ela aborda a transição da infância para a pré-adolescência, com foco na primeira menstruação. Segundo a produção, o filme foi uma construção coletiva que contou com o apoio da direção da escola, professores, estagiários e profissionais da saúde.
Quem são as protagonistas
Atualmente, elas estão estudando na Emef Suzana Larangeira, que funciona em parceria com a Faculdade Palotina de Santa Maria (Fapas), localizada na Rua Padre Alziro Roggia, no Bairro Patronato.

- Alana Matias – 11 anos
- Taiane da Rosa – 11 anos
- Ana Julia Freitas – 12 anos
- Isadora de Freitas – 13 anos
- Thaila Matias – 13 anos
- Emilly Quevedo – 14 anos
Como acessar a obra
Conforme Neli, primeiro a produção passará por um circuito de festivais e, quem sabe, no futuro, poderá ser assistido no cinema.